Dioscórides |
Mandrágoras |
No século 4 a.C., o “pai da medicina”, Hipócrates, usava a chamada esponja soporífera, que continha uma mistura de ópio e mandrágora, para colocar seus pacientes a nocaute. Depois, para acordar o coitado, recorria-se a uma esponja embebida em vinagre. A esponja soporífera continuou sendo utilizada até o século 17 e o ópio foi usado até recentemente, sob a forma de tintura ou láudano – uma mistura de ópio e álcool.
No começo não existia nenhum método anestésico eficiente o bastante para permitir itervenções odontológicas sem dor. A qualidade básica do cirurgião era a rapidez, pois, além de lutar contra a agitação dos pacientes, tinha de lhe extrair um ou mais dentes. Muitos eram amarrados, os mais sortudos desmaiavam, outros eram embebedados, para suportar o procedimento.
1722 é tido como o ano da descoberta do "gás hilariante". Durante muito tempo ele foi aproveitado como um tipo de droga leve, que provoca uma sensação parecida com a embriaguez. Nos Estados Unidos, as pesssoas pagavam 25 centavos para experimentar suas delícias. Só em meados do século XIX, o dentista americano Horace Wells descobriu que ele eliminava a sensação de dor e servia como anestésico.
Desde 1728, a Odontologia era praticada no Brasil pelos barbeiros sangradores. Antes da descoberta da anestesia, o procedimento odontológico mais usual era o da extração dentária "com dor". A partir deste ano o francês Fauchard, considerado o Pai da Odontologia, mesmo sem muito desenvolvimento dos anestésicos, revolucionou as práticas odontológicas, através da criação de novas técnicas e instrumentos mais apropriados para tratar os dentes.
Pierre Fauchard |
O primeiro agente empregado como anestésico foi o "óxido nitroso", ele foi desenvolvido em 1772 por Joseph Priestley, o pai da física moderna, e era utilizado popularmente em shows e feiras por produzir o riso incontrolado, por isso era chamado “o gás do riso”.
Joseph Priestley |
Em 1831, o clorofórmio já havia sido utilizado em procedimentos médicos.
Mas foi em 1844 que Horace Wells, assistindo a uma apresentação onde pessoas usavam o gás do riso como entrenimento, percebeu que um participante sofrera um ferimento extenso na perna, mas não demonstrara qualquer sinal de dor.
Logo depois, Wells convidou Gardner Colton, o empresário do circo, para realizar uma experiência em seu consultório. No dia seguinte, em 11 de dezembro de 1844, pediu a seu colega Riggs, que extraísse um de seus próprios dentes, para mostrar a eficiência do óxido nitroso como anestésico. Aprendeu a preparar e administrar o protóxido de azoto, e com o seu uso realizou, com sucesso, mais de 10 extrações dentárias indolores em seus clientes, na pequena cidade de Hartford.
Horace Wells |
Pouco tempo depois, um de seus pacientes morreu ao ser anestesiado e ele foi condenado à prisão. Wells adoeceu e morreu cortando os pulsos sob efeito do clorofórmio.
Historicamente, a data de 16 de outubro de 1846 é considerada como a data em que se realizou a primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral.
Naquele dia, às 10 horas, no anfiteatro cirúrgico do Massachusetts General Hospital, em Boston, o cirurgião John Collins Warren realizou a extirpação de um tumor no pescoço de um jovem de 17 anos, chamado Gilbert Abbot. O paciente foi anestesiado com éter pelo dentista William Thomas Green Morton, que utilizou um aparelho inalador por ele idealizado.
A cena deixou de ser documentada fotograficamente porque o fotógrafo sentiu-se mal ao presenciar o ato cirúrgico, porém foi posteriormente imortalizada em um belo quadro do pintor Roberto Hinckley, pintado em 1882.
Morton, que praticara com sucesso extrações dentárias sem dor, com inalação de éter, antevira a possibilidade da cirurgia sem dor e obtivera autorização para uma demonstração naquele Hospital. Ele não revelou a natureza química da substância que utilizava, dando-lhe o nome de letheon.
Pressionado pela Associação Médica de Boston para que novas intervenções pudessem ser realizadas sem dor, teve de revelar a composição do letheon, que era apenas éter sulfúrico puro. Oficialmente, esse é o marco da descoberta da anestesia, saudado pelo "Peoples's London Journal" com a manchete: “ Salve Esta Hora".
Desde a apresentação bem suscedida de Morton, a anestesia passou a ser difundida no meio médico e odontológico. Até que em meados de 1847, o Dr. James Simpson, médico, afirmou que o clorofórmio seria uma substâcia anestésica melhor que o éter, pois cheirava bem, provocava iconsciência imediata e seu efeito era mais duradouro.
O clorofórmio substituiu o éter em todas as partes do mundo, porém ele apresentava um problema sério: matava rápida, inesperada e indiscriminadamente.
Após a descoberta de Karl Koller em 1884, a "anestesia tópica de cocaína", o anestésico local foi substituindo a anestegia geral na Odontologia, dando início à anestesiologia contemporânea.
Karl Koller |
Alfred Einhorn |
A técnica infiltrativa foi criada em 1932, usando seringa e agulha injetava-se a solução anestésica próximo às raízes do dente inflamado. Por volta de 1950, foi lançado no mercado odontológico o anestésico Ravocaína.
Em 1951, outro composto, o hidrocloreto de procaína, foi usado como anestésico odontológico. À procaína, pricípio atívo de sua fórmula, foram acrescidas duas substâncias químicas, e o produto ficou conhecido como Gerovital G3 (GH3) .
Nos idos de 1979, Albright demonstrou correlação entre toxicidade e longo tempo de ação de anestésicos locais altamente lipossolúveis ( bupivacaína, etidocaína). De 49 casos fatais, 43 % envolviam a bupivacaína. Logo depois, o FDA (Food and Drug Administration) retirou de uso a bupivacaína a 0,75 % e passou a recomendar administração mais cuidadosa desta droga.
Dos anos 80 para cá, pudemos contar com a evolução tecnológica, que foi capaz de mudar para sempre tudo o que se havia falado em anestésicos. Nos beneficiamos diariamente com as mudanças, proporcionando uma odontologia moderna, eficaz e indolor aos pacientes de hoje.
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